A FORMAÇÃO DO EDUCADOR NO BRASIL - QUALIFICAR A EDUCAÇÃO - É FAZÊ-LA CAPAZ DE DAR AO HOMEM CULTURA
A FORMAÇÃO DO EDUCADOR NO BRASIL
QUALIFICAR A EDUCAÇÃO - É FAZÊ-LA CAPAZ DE DAR AO
HOMEM CULTURA
A conquista
do sucesso não é uma coisa de ocasião. Ela é planejada e trabalhada até que se
atinja a exaustão. E quando já estivermos cansados de lutar pelo sucesso, aí
sim ele virá, com um gosto surpreendentemente maravilhoso de vitória.
Professor Nelson Lage
INTRODUÇÃO
O interesse pelo assunto que gerou este
estudo deve-se ao fato de que, como educador, algumas questões formaram-se com
a observação e a experiência da prática diária.
Na definição do problema a ser
estudado, são desenvolvidos os seguintes temas: entendendo a educação; porque
dar ao homem cultura; dilemas da educação e a qualidade da educação. Temas que a
meu ver, estão diretamente envolvidos com a formação do educador no Brasil.
Para chegar ao entendimento do tema
apresentado, o título escolhido refere-se à qualidade da educação. E qualificar
a educação, é fazer com que ela seja capaz de dar ao homem cultura. Mas que
cultura?
Nos dias atuais, a palavra cultura é
uma palavra um tanto quanto poluída. É usada com múltiplas significações. Hoje,
para tudo, o que nota-se é a total falta de cultura.
Nem se deve confundir cultura com
talento ou dotes naturais. Mesmo porque esses dotes naturais, quando existem,
precisam de cultura para que possam ser plenamente desenvolvidos.
A educação, cujo entendimento é
abordado logo na primeira parte deste trabalho, é a conquista da liberdade e da
plenitude, mas está sempre cheia de entraves, está sempre sendo suprimida. É
aprendendo que se faz cultura, é aprendendo que as pessoas se tornam cultas.
Mas como transferir esta cultura
através da educação se temos educadores, em sua maioria, totalmente
despreparados?
Na abordagem apresentada na segunda
parte, intitulada "Porque dar ao homem cultura?", são apresentados os
motivos julgados importantes na busca da resposta aos dilemas educacionais.
Na linha dessa confusão de linguagem,
até a qualificação de "intelectual" assume feições equívocas.
Intelectuais, não raro, se intitulam como artistas primitivos que, em sua
grande maioria, nunca fizeram funcionar a inteligência.
Outro equívoco que obscurece a noção da
cultura é o "saber especializado", que cada vez mais é o
proporcionado pelas universidades. Essa tendência do ensino superior é
irreversível. Cabe às universidades formar profissionais; e profissionais cada
vez mais especializados. Muito de muito pouco. Isto é, de incultos. Devemos estar
atentos para o risco da "deformação especialista".
Desta forma, afirma-se que é pela
educação e aprendizado que o homem adquire cultura.
Cultura é então, o objetivo maior e o
fruto da educação e do ensino. É a cultura que descortina o horizonte e apura a
capacidade de avaliar, para poder escolher. É a cultura, portanto, que faz do
homem uma pessoa livre. É a cultura semeada na educação e no aprendizado do
ensino fundamental e médio que germinará e com assertiva, formará os nossos mais
excelentes professores e educadores.
Afirmo, desta forma, que qualificar a
educação é fazê-la capaz de dar ao homem cultura, que é plenitude humana,
tornando-o pessoa livre. Para isso, já que a universidade é um conjunto de
escolas profissionais, tende cada vez mais à especialização e, por outro lado,
o homem, para ser homem, precisa de cultura, a tarefa de oferecê-la, que o
ensino fundamental e médio sempre exerceu, passa a ser mais decisiva e
indispensável nesses níveis de ensino. Se estes níveis não o fizerem, ninguém mais
o fará.
Nessa direção, podemos afirmar que ao
vestibular, que cabe avaliar a cultura e não a pré-especialização, por
enquanto, não só não deve mas também não pode, em hipótese alguma, ser abolido.
O homem precisa ter antes a alegria de
ser homem para poder ser um bom professor, um bom mestre, um bom doutor e fruir
a alegria de o ser. Afinal, de contas, homem não pode ser reduzido a um
torcedor de parafusos. O trabalho humano não é o trabalho animal. Menos ainda o
de um robô.
Há de se estimular o interesse para uma
nova forma de busca de soluções para os problemas nacionais, imaginando
maneiras diferentes de debates, reformulando questões e dando um caráter
amplamente interdisciplinar às atividades extracurriculares.
O caráter formativo e interdisciplinar
que caracteriza as atividades de ensino advindas de professores culturalmente
preparados, fornece aos educandos os subsídios necessários à formação de
pessoas capazes de redimensionar as estratégias de seu desenvolvimento
profissional.
Numa sociedade democrática, competitiva
e sujeita a mudanças bruscas como a nossa, precisamos nos manter à frente dos
acontecimentos para que possamos ter domínio sobre nossos destinos.
Não restam dúvidas que entre os fatores
que contribuem para o sucesso da educação como um todo existem dois que são
indiscutivelmente fundamentais: bons alunos e um quadro de professores
qualificados e competentes.
Ninguém mais no país duvida da
necessidade de mais e melhor educação. Mas, no sentido não apenas de que todos
tenham oportunidades e condições de estudar, mas também no de que existam mais
formas de oferecer e adquirir educação, inclusive em novos campos do
conhecimento e em novas áreas e atividades profissionais.
O fato entretanto, é que o estado
brasileiro, ao contrário do que muitos supõem, não gasta pouco com educação. O
que acontece na prática são basicamente três coisas. Primeira: boa parte dos
gastos públicos no setor termina subsidiando a educação superior de quem menos
precisaria de ajuda do estado para financiá-la. Segunda: há uma voragem
predatória e criminosa no recolhimento e dispêndio de verbas públicas em
educação. Terceira: não existe nenhum tipo de aferição sistemática e confiável
da qualidade do ensino fundamental e médio em nível nacional que permita comparar
o desempenho das escolas pelo aprendizado efetivo dos seus alunos, de modo a
corrigir os pontos falhos do sistema.
Talvez, com a implantação do ENEM -
Exame Nacional do Ensino Médio em 1998 e com a sua constante aplicação, alguma
coisa realmente mude, afinal de contas, o ENEM é uma avaliação diferente das
avaliações já propostas pelo Ministério da Educação. Isto porque se dirige a
quem deseja conhecer suas possibilidades de enfrentar problemas do dia-a-dia,
sejam eles de natureza pessoal, relacionada ao trabalho, envolvendo tarefas
previstas para a universidade e, até mesmo, de relacionamento social.
Na quarta e última parte desta
exposição, aborda-se a qualidade da educação, cujo desenvolvimento é descortinado
diante de pontos que visam a excelência da educação e que orientam, de certa
forma, a linha do pensamento atual para encontrarmos os métodos ideais de
transmissão do ensino.
Os métodos de ensino são o resultado da
prática e devem ser continuamente ajustados, pois existem muitos talentos
desperdiçados em virtude apenas da falta de estímulo e da maneira incorreta de
lhe serem apresentados os assuntos.
Somente o ensino cuidadoso, planejado,
variado e estimulado, preparará o futuro profissional e o encorajará ao
desenvolvimento de suas próprias aptidões.
Uma orientação adequada tem importância
maior, pois, facilitará a formação profissional em menor espaço de tempo.
Com a nova LDB, é possível afastar os
que não caminham o bom caminho, separar o joio do trigo e realizar avanços
inadiáveis. Mas, são necessárias ainda, novas medidas. Firmes e criteriosas,
porém urgentes e substantivamente inovadoras.
ENTENDENDO A EDUCAÇÃO
Iniciamos afirmando que, educação é o
processo vital, radicado na natureza espiritual e perfectível da criatura
humana, pelo qual essa criatura, com o apoio do convívio social,
particularmente com o da família e dos que a antecederam, vai desdobrando as
suas energias germinais interiores, que traz ao nascer, e conduzindo-as à
plenitude atuante, e, ao mesmo tempo, toma posse do patrimônio de cultura e
civilização acumulado pelas gerações precedentes, e se insere, como membro vivo
e participante, na comunidade humana de seu tempo e nos hábitos e
peculiaridades do seu povo.
Afirmamos também que o aprendizado ou a
posse de uma virtude não é uma realidade recebida de fora, mas um encontro ou
uma descoberta interior do ser humano. Não é quando ouve o professor que o
aluno aprende, mas quando verifica, por reflexão interior, e percebe que o
ensinado é verdadeiro.
Uma outra realidade contida na
definição é que a educação humana, embora tenha uma fase particularmente
marcante e decisiva, que vai do nascimento à idade adulta, não se restringe a
essa fase, pois o homem, não só intelectualmente mas no coração e na vontade,
nunca deixa de ser perfectível, nunca deixa de ser educável. Por outro lado,
não restringe a ajuda exterior que cada um recebe para a educação ao apoio
formal dos professores e das escolas, nem ao auxílio menos formal ou
intencional que lhe vem de toda a forma de comunicação humana, mas reconhece
que há uma esfera sumamente importante da educação que não se ensina em curso,
nem em escola, que é a sabedoria.
Em matéria de educação, gostaria de
perguntar: Qual o balanço que podemos levantar destes dois séculos de nação
independente?
Qual a situação atual da educação do
povo brasileiro, e, sobretudo, qual a consciência que tem o nosso povo da
educação a que pode aspirar e dos direitos que tem nesta matéria?
Uma primeira constatação positiva que
podemos e devemos fazer é a de que o Brasil, sem a educação de seu povo, não
teria chegado à situação de progresso que alcançou, sendo estimado a oitava
economia do mundo. Contudo, há dois aspectos sumamente negativos, que
constituem evidentes deficiências no sistema educacional brasileiro. A primeira
delas é a questão do analfabetismo. Apesar de grandes esforços, com resultados
positivos, em 1996 a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais, foi,
no Brasil, de 14,7%.( Almanaque Abril -
1999 )
Apesar desta taxa, em 1980, ter sido de
25,4%, o resultado do ano de 1996 representa uma situação inadmissível. Sem
considerar os dados do último censo escolar, estima-se que 2,7 milhões de
crianças brasileiras entre 7 e 14 anos estão fora da escola. O analfabetismo é
um fator ponderável de marginalização da vida social. Outro nó da educação é a
altíssima taxa de repetência que atinge cerca de 30% dos alunos matriculados no
ensino fundamental.
O segundo aspecto negativo diz respeito
à questão fundamental do acesso à educação. O acesso à escola no Brasil não só
está gravado por deficiências, que já há tempos foram superadas em diversos
países onde se implantou uma verdadeira democracia social, como também grandes
segmentos do povo brasileiro dão mostras de ignorar os direitos que realmente
têm no que se refere a esta questão vital. No Brasil de hoje, só alguém que
tenha recursos pode chegar a exercer o direito de escolher a escola de sua
preferência. Onde gostaria de estudar.
Se não se conseguir ultrapassar esses
dois aspectos negativos, será impossível para o Brasil descobrir e implantar de
forma plena e efetiva o direito à educação; de dar ao homem cultura. Afinal de
contas, o homem é um ser que busca, que luta contra o acaso, que se revolta
contra seus limites naturais, que se revolta contra a própria morte.
No Brasil, os alunos não escolhem as
universidades pela sua diversificação ou a oferta de melhores cursos, com
vistas ao mercado de trabalho. A primeira e mais decisiva opção é a gratuidade.
Quem está mais alerta a esse processo e quem pode, pois, garantir melhor
qualidade do ensino?
Existe hoje no Brasil uma clara
percepção por parte da sociedade — dos segmentos mais humildes da população,
passando pela classe média, empresários e intelectuais — de que educação antes
de ser política social, é uma necessidade estratégica. Finalmente, a educação
no Brasil deixou de ser discurso em véspera de eleição para fazer parte da
agenda nacional. A priorização dos investimentos no ensino fundamental ( 1a
à 8a série ) passou de norma constitucional para prática
operacional do poder público.
Outra perspectiva da educação, muito
importante, que é a que nos incumbe promover, sem perder de vista a sua
fundamentação na natureza educativa do homem, é a educação como atividade
auxiliar. E nessa perspectiva, ocorre também uma gradação, muito acentuada, que
vai desde as influências espontâneas de um sobre o outro na convivência social,
passa pelos meios de comunicação em geral e assume por fim o seu aspecto mais
determinado na educação doméstica e na atividade escolar. Daí o fato do
envolvimento familiar condizente e de professores bem preparados.
Uma palavra deve ser destacada na
definição de educação, é a palavra ajuda que ao meu ver quer significar
que a educação não é simplesmente a transmissão material de algo do educador ao
educando, como o calor de um corpo quente se transfere para outro menos
aquecido. Na verdade, o aprendizado é um caminho para a alegria, para aquele
deleite de que o homem tem necessidade. O aprendizado é a resposta do mais
velho à aspiração do mais novo. O magistério é a ajuda prestada à natureza para
que chegue aonde quer e precisa chegar.
Há um veneno desumano nessa fala de
menosprezo para o aprendizado escolar no ensino fundamental e médio. É o veneno
utilitarista e pragmatista. Em vez de colocar como meta a formação do homem, de
sua mente sadia e descortinada, para que se torne um ser livre e tenha o
trabalho como um desdobramento disso, pensa-se na preparação direta para um
emprego, graças a uma habilitação manualista.
Costuma-se dizer ainda que cultura é
aquilo que fica em nossa mente, depois que esquecemos o que havíamos aprendido
na escola. A afirmação é feita, quase sempre, em desapreço para o aprendizado
escolar, querendo significar que as coisas aprendidas, nessa ocasião, são mecanismos
ou informações, sem alcance prático e, assim, inteiramente inúteis. Sobrecarga
que deve ser esquecida o mais cedo possível.
Na verdade, entendida com um pouco de
lucidez, com um olhar mais atilado, o aprendizado escolar exprime, embora em
constante meio esquemático, a admirável função cultural da escola de crianças e
adolescentes, afirmando que cultural é realmente tudo o que fica do aprendizado
escolar. E este aprendizado não é somente ridicularizado, mas tido como
totalmente inútil.
A ninguém escapa que, seja por
limitação dos participantes, seja por desgaste da rotina, não faltam defeitos
na sala de aula. Todavia, nada disso justifica a generalização negativa.
Devemos considerar que, se o universo
da criança é um mundo de imaginação, alegria e fantasia, no qual o apoio
educacional tenta introduzir uma progressiva iluminação racional, o universo do
adolescente é, além disso, a sua atmosfera espiritual, e o desejo ardente e a
busca incessante da auto-afirmação e da verdade.
Se o homem é, como diz Aristóteles, um
ser que admira e se espanta diante das coisas, abrindo-se daí, para a
curiosidade de desvendar o seu segredo interior, a adolescência é
particularmente marcada por esse espanto e essa curiosidade.
A escola deve responder a essa sede de
descobrir o mistério das coisas que crescem na alma dos adolescentes. E,
infelizmente, alguns professores não tem o preparo adequado para orientar tal
descoberta, comprometendo o desenvolvimento escolar do adolescente.
O adolescente pode vir a ser um físico,
um químico ou um matemático e pode ser que já apresente traços de tendências
para esta ou aquela especialidade, mas será um crime, privá-lo de um direito a
ter uma mente descortinada.
Tem sido natural o estudante concluir
um curso sem saber dar conta sequer de um tema, não consegue escrever com
clareza e sistematização, não ordena, manuseia, constrói e interpreta dados, o
que revela continuar apenas "aluno", até porque aprendeu com um
"professor" que nunca saiu da condição de "aluno".
A indagação sobre a necessidade de um
melhor preparo dos educadores no Brasil, responderia que não basta ter somente
profissionais diplomados, existe também a necessidade de preparar melhor os
profissionais que de alguma forma atuam no ensino fundamental e médio. A rigor,
é necessário buscar exaustivamente a filosofia correta da educação. A presença
de uma má filosofia de educação explícita, impediria que funcionasse o bom
senso ingênuo, emergindo do relacionamento espontâneo da natural inclinação de
serviço do mais experiente ao iniciante, dando ensejo ao surgimento de uma ação
dita educativa mas efetivamente manipuladora.
A educação tem como objetivo formar o
homem ou prepará-lo para que funcione como meio em vista do progresso coletivo.
O homem é um ser perfectível para o
qual o aprendizado é indispensável. Em outras palavras, o aprendizado escolar
tem vital importância. A formação humana, a formação do homem livre começa pela
inteligência, não pela vontade.
O que importa basicamente é que
internamente, isto é, na ordenação dos programas e do modo de ensinar haja uma
continuidade sem saltos, um evoluir homogêneo e progressivo.
Para uma avaliação mais segura dos
valores em jogo na educação do ensino fundamental e do ensino médio, é preciso
que consideremos preliminarmente o que significa, para a criatura humana de um
modo geral, a educação.
Creio poder concluir que não basta
somente uma filosofia; é preciso ter uma filosofia correta da educação e além
disso, uma conscientização dos educadores de que o preparo constante deve ser
buscado. Preparo para atender às mudanças do dia-a-dia dos educandos, da
humanidade.
PORQUE DAR AO HOMEM CULTURA?
A cultura de uma sociedade é
transmitida de gerações adultas às gerações mais jovens pela educação. Educar é
transmitir aos indivíduos os valores, os conhecimentos, as técnicas, o modo de
viver, enfim, a cultura do grupo. Desta forma, a cultura "é a vida total
de um povo, a herança social que o indivíduo adquire de seu grupo. Ou pode ser
considerada a parte do ambiente que o próprio homem criou". (Clyde Kluckhohn,
Antropologia -
um espelho para o homem. p 28.)
A aquisição e a perpetuação da cultura
são um processo social, não biológico, resultante da aprendizagem. Cada
sociedade transmite às novas gerações o patrimônio cultural que recebe de seus
antepassados. Por isso, a cultura é também chamada de herança social. Nas
sociedades em que há escolas encarregadas de completar a transmissão da cultura
iniciada na família e em outros grupos sociais, a educação é sistemática, isto
é, obedece a um sistema, a uma organização previamente planejada.
Podemos dizer que a cultura é um estilo
de vida próprio, um modo de vida particular, que todas as sociedades possuem e
que caracteriza cada uma delas. Assim, os indivíduos que compartilham a mesma
cultura apresentam o que se chama de identidade cultural. Por esse motivo,
devemos encarar a cultura como um todo, um sistema, um conjunto de elementos
ligados estreitamente uns aos outros.
Cada geração passa obrigatoriamente por
um processo de aprendizagem diferente, no qual assimila a cultura de seu tempo
e se torna apta a enriquecer o patrimônio cultural das gerações futuras. E, com
certeza, é na capacidade que têm os grupos de perpetuar a cultura que reside a
possibilidade de progresso. E esse progresso é a qualificação da educação. Todo
progresso é resultante de uma síntese de elementos novos com elementos já
adquiridos anteriormente. Assim a cultura é o somatório de todas as realizações
das gerações passadas que se sucederam no tempo, mais as realizações da geração
presente.
Dizemos ainda que a cultura não é
sempre a mesma. Apresenta formas e características diferentes no espaço e no
tempo. Cabe aos educadores a busca de novos meios para o aprimoramento e a
perpetuação cultural. Sendo assim, a essência do aprendizado tem tudo a ver com
o professor, aquele que administra, estimula, enriquece e dá vida a uma série
de processos que levam o aluno a aprender.
O processo escolar requer que se
desenvolvam simultaneamente dois traços contraditórios: disciplina pessoal e
curiosidade. Parte do que se aprende na escola é disciplina de trabalho, isto
é, o hábito de fazer o que precisa ser feito - apesar de faltar vontade, sobrar
desconforto e haver a atração de coisas mais interessantes. Mas, ao forçar
esses hábitos pessoais, a escola pode matar a curiosidade espontânea do aluno,
seu instinto de explorar o mundo que o cerca, de fazer perguntas só porque não
sabe a resposta. Se isso acontecer, perde-se algo valiosíssimo. Mas curiosidade
sem disciplina não leva a parte alguma. Ao professor cabe a mágica de orientar
o aluno nas duas direções: disciplina pessoal e curiosidade. E a Educação é um
dos componentes mais importantes do capital humano. Na escola deveríamos
aprender a ler e a contar, mas não apenas isso. A escola faz a transmissão
entre família e a sociedade, tendo portanto um papel crítico no processo da
socialização.
Hoje vejo a escola brasileira ainda
muito formal, sendo o ensino, em média, de qualidade medíocre, prejudicial ao
estímulo dos que, por terem vocação, poderiam tornar-se excelentes professores.
E, desta forma, acrescento ainda que, a escola que não pratica equidade,
compaixão e tolerância no seu cotidiano não conseguirá de forma alguma ensinar
isso aos seus alunos. E o lado positivo disso é o nascimento de uma aguda
percepção com respeito à importância da educação e das deficiências do nosso
ensino, tanto na fase fundamental como também no ensino médio.
Definitivamente, no mundo de hoje, o
que decide o bem-estar das pessoas e a riqueza de um povo é o seu nível de
escolaridade. Levar um ensino de alta qualidade para as escolas é o caminho
para transformar a sociedade inteira: melhorar a renda, a saúde, a segurança -
enfim, a alegria de viver.
Para qualificar então a educação e
fazê-la capaz de dar o ao homem cultura, temos que contar com bons
profissionais da educação, àqueles que tem um conceito positivo de si mesmo e
de seu trabalho, profissionais que fazem o que gostam, gostam do que fazem e se
sentem realizados porque são professores.
Profissionais que buscam as
possibilidades de fazer boas coisas diante das adversidades, em vez de
procurarem as excelentes razões para se desculparem por não havê-las feito.
Educadores que não se contaminam pelo pessimismo dos outros. Que sabem mostrar
aos educandos a beleza e o poder das suas idéias. Que têm sempre expectativas
positivas acerca de seus alunos. Que buscam enaltecer e nunca ridicularizar
seus alunos. Que conseguem a participação ativa de todos nas aulas. Criam
diálogos em busca de troca de experiências, pois, ser professor é aprender
constantemente, com os alunos e com os colegas. Que entendem que a indisciplina
começa quando o aluno pára de aprender.
O professor-educador respeita as
diferenças individuais, prepara as suas aulas, demonstra claramente que gosta
da sua profissão, põe os alunos em situação descontraída. É conselheiro, é
amigo, é humilde, entende quando precisa mudar suas estratégias.
O educador não se constrange perante a
onipotência da máquina, nem se assusta com a sua eficiência porque aos
problemas dos homens só eles darão soluções. Está sempre atento aos
transbordamentos da ciência mas não se embrutece nas respostas.
O bom educador é aquele que consegue
que todos aprendam o que têm de aprender, que cada um aprenda quando está
pronto para tal e que sejam felizes no processo de aprender.
O educador deve ser receptivo, atento
às manifestações, expressões e sentimentos próprios dos outros e, acima de
tudo, reconhecer as suas limitações. Deve superar as vaidades pessoais e
colocar-se na posição de observador, para que as suas propostas e,
principalmente, o seu comportamento estejam comprometidos com a realidade.
Mas, se os objetivos são esses, a
maneira de atingi-los varia tanto quanto a personalidade humana de cada um.
E porque não atingir esses objetivos?
Acredito que para isso, o educador deve
ser ousado e transformador. Mas falta à escola uma atitude de olhar para a
frente, de buscar o futuro, de apostar e acreditar no novo, de promover aqueles
que se lançam com ousadia na busca das transformações necessárias. É isso que
falta à escola e aos profissionais da educação, muita ousadia na vida
profissional para que vivam na maior amplitude possível e sejam elementos
transformadores.
Este alvorecer de terceiro milênio
requer um novo paradigma para a educação. Responder a uma demanda
substancialmente nova, de uma dimensão espetacular, na escalada acelerativa da
evolução humana, o que implica um vertiginoso investimento na qualificação do
ensino como meta da escola do século XXI.
O dimensionamento da luta pela educação
assume medidas proporcionais à velocidade das mudanças que são geradas.
Precisamos migrar da dicotomia da discussão sobre o nível da qualidade, boa ou
não, da educação para a concepção de uma educação de alta qualidade, capaz de
construir o conhecimento, acumular e disponibilizar informações, provocar o
aprimoramento da dimensão multifacetada do homem.
Os conflitos presentes e os que ainda
poderão advir de tais mudanças serão acomodados mais rapidamente e os seus
traumas diminuídos se as atenções, os esforços, os recursos e as ações forem
direcionados para a construção de uma pedagogia integral.
Questões como mais escolas públicas e
particulares, mais professores com melhor qualificação e mais bem treinados,
maior aplicação tecnológica, melhores salários para o magistério não deixam de
ser importantes e fazem parte do processo de tais conquistas, mas deixam de ser
centrais.
O que deve ser feito, urgentemente, é
promover o debate para visualizarmos o que é realmente essencial e viabilizar a
escola da pedagogia integral, possibilitando ao aluno não só assimilar
conhecimentos, mas também reunir informações e poder ser o agente de
transformação do seu próprio meio e destino, da sua cultura, aprimorando-se como
ser solidário, como cidadão, conscientizando-se sobre os valores da natureza
criativa e evolutiva do homem.
DILEMAS DA EDUCAÇÃO
Primeiramente gostaria de esclarecer
que no sentido técnico o termo dilema admite várias versões, mas todas giram em
torno da ideia principal de um tipo de raciocínio. No sentido comum da palavra,
todo dilema envolve uma situação complexa, para a qual qualquer saída que se
encontre apresenta muitos aspectos negativos. Assim como no seu sentido técnico
todo dilema envolve algum tipo de engano e se resolve pela aclaração dos seus
termos. Também no sentido comum há de se considerar sempre uma saída para o
dilema, fundada no bom senso e na sinceridade de propósitos.
No Brasil dos últimos quinze anos, o
que se tem exigido às universidades, fundamentalmente, é a formação da
juventude em níveis superiores, principalmente no que diz respeito à formação
profissional, além de trabalho de pesquisa e, através da pós-graduação, um
trabalho de formação de novos pesquisadores, cientistas e técnicos de alta
qualificação.
O que nunca faltou no Brasil foi
discurso, alguns com pensamento de ponta, sobre a melhor maneira de enfrentar
os dilemas da educação brasileira. E todos são unanimes em afirmar que quanto
maior for a base acadêmica, maior será a chance de um recém formado integrar-se
às novas exigências do trabalho e expandir suas habilidades, mediante cursos e
reciclagens constantes.
Não se trata de primeiro ensinar e
depois aplicar ao social. O bom ensino já é social em sua própria contextura:
ele examina, com cuidado o que está acontecendo, examina cientificamente, ao
alcance do aluno, tanto o que é científico como o que não é. Assim, trata de
assuntos de interesse social ou individual dos alunos, como saúde, profissão,
trabalho, consumismo, sexo, amor, reprodução, relações familiares, drogas,
crime. Isso é mais importante do que os assuntos dos programas convencionais,
pois transmitem cultura.
O importante é levar os alunos a
discutirem, com cuidado, os mais diversos assuntos, desde que lhes interessem
vivamente.
No que toca à formação da juventude,
atualmente há uma série de ingredientes que vem gerando uma verdadeira situação
de dilema para as universidades. Que formação a universidade deve dar aos
jovens que a procuram? Uma formação que os leve a se desenvolver como pessoas?
Uma formação profissional que os capacite para ganhar a vida em uma atividade
especial? Uma síntese destes dois ideais, tentando formar uma pessoa aberta aos
valores principais e ao mesmo tempo habilitada ao exercício de uma profissão?
Mesmo no que concerne à formação profissional, que tipo de profissionais quer
realmente a universidade formar? Pessoas profundamente preparadas nas ciências
que dão embasamento à prática profissional? Ou somente práticos, que tenham
apenas alguma base teórica?
Uma resposta muito objetiva a todas
estas perguntas seria a de dar a cada universidade uma característica própria
de formação, com a escolha dos currículos e práticas a serem exigidas. Mas esta
resposta e esta decisão por parte de cada universidade, que já em si são tão
difíceis, tornam-se extremamente complexas por muitos fatores, independentes do
poder das universidades, que interferem e criam para elas verdadeiros dilemas.
Outro fator de muito peso é a tendência
natural dos alunos, daqueles que buscam as escolas superiores. Na maior parte
deles a preocupação mais importante é a obtenção de um diploma, como uma chave
que lhes abrirá a porta de ingresso a um emprego. No caso aqui abordado - A
Formação do Educador no Brasil - a porta das escolas que aceitam profissionais
totalmente despreparados e que são certamente os multiplicadores do caos em que
se encontra a educação.
Esta tendência é reforçada ainda pela
tendência dos organismos profissionais de garantirem o maior número de
vantagens e de exclusividade para os portadores de diplomas, mesmo sem a
comprovação do conhecimento formativo.
Há ainda um outro fator que incide
grandemente no trabalho das universidades. Falam alguns da formação carente e
do despreparo dos alunos saídos das universidades. Esquecem, entretanto, que a
universidade é apenas uma fase, a principal, talvez, mas uma fase de uma longa
formação. Que não pode parar com a colação de grau.
Além disso, que tipo de alunos estão
recebendo as universidades? Qual a educação que recebem no ensino fundamental e
no ensino médio? Seria possível à universidade, por mais que se empenhasse na
recuperação das deficiências havidas na formação anterior destes alunos,
levantá-los ao grau que permita dar-lhes uma formação eficiente em nível
superior?
Queixamo-nos todos de que os alunos
estão chegando à universidade com menor capacidade de articulação e expressão
do seu pensamento. Poder-se-ia atribuir esta carência tão somente ao ensino
fundamental e ao ensino médio? Não haveria também uma boa parte de
responsabilidade dos pais, originada pelo permissivismo que se implantou quase
como regra da educação das crianças, sem a exigência de hábitos rigorosos de
vida e de estudo, ou seja, sem um endoutrinamento cultural?
A rigidez das regras de ingresso ao
ensino superior não deixaram alternativas aos estabelecimentos de ensino
básico, especialmente aos de ensino médio, senão preparar seus alunos para a
guerra do vestibular. Por outro lado, a não ser nas áreas onde há população de
classes menos favorecidas, o ensino técnico é tido hoje como ensino de segunda
classe, ou seja, com o advento da nova LDB, está diminuindo o interesse pelos
cursos técnicos (profissionalizantes) e aumentando progressivamente o interesse
pela formação geral. Justamente ao contrário do que aconteceu quando da
implantação da Lei 5.692/71.
Quem precisaria ainda ser convencido
que a educação é a base de tudo?
De que sem um ensino básico de
qualidade, jamais alcançaremos os objetivos de acelerar o crescimento
econômico, estender a cidadania e reduzir as desigualdades no Brasil?
É preciso dar maior atenção ao ensino
fundamental e médio, pois são eles os alicerces onde será edificado o ensino
superior. E com certeza onde tem origem a formação dos nossos mestres e
doutores.
Devemos educar o adolescente para sua
própria plenitude e, o adulto, para além disso, servir, à comunidade. Por isso,
o ensino superior, que forma o profissional, terá sempre que exigir desempenho,
avaliar profundamente e qualificar. Aí haverá professores, mas não para dar
aulas, e sim para motivar, dar orientação e ajudar os jovens no planejamento
das atividades que desejarem desenvolver, para coordenar seminários, promover
discussões e incentivar projetos.
A educação brasileira atingiu uma
situação vergonhosa e foi urgente recuperá-la. O advento da nova LDB trouxe
profundas modificações nas perspectivas da educação, entre elas, a não
obrigatoriedade do exame vestibular, o ingresso automático dos alunos com bons
resultados no ENEM e outros. Desta forma, o assunto "3º grau" deixa
de ser um assunto que só interessa aos estabelecimentos de ensino superior e
passa, definitivamente, a ser discutido pelos estabelecimentos de ensino
fundamental e médio.
Aliás, o assunto sempre foi de
interesse de todos os bons educadores, independente de em que nível atuem.
A nova Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB) que foi aprovada em 1996 depois de oito longos anos tramitando
no Congresso Nacional, estabelece normas e procedimentos que afetam todos os
níveis do sistema educacional. As mudanças estabelecidas, implantadas, já
deveriam estar surtindo o efeito desejado. No entanto, quatro anos se passaram
e os resultados obtidos até agora, ainda são mínimos.
Para críticos dessas mudanças, tanto a
promoção automática quanto as classes de aceleração podem reduzir as taxas de
repetência de forma artificial, permitindo na verdade, que crianças mudem de
série mesmo sem condições de aprender os novos conteúdos. E isso com certeza
afetaria seu desenvolvimento futuro.
Da mesma forma o provão que tem
recebido críticas de professores e alunos que consideram as provas ineficientes
para medir a qualidade do ensino porque avaliam apenas alunos no último ano do
curso, deixando de lado currículos, métodos de ensino e as experiências
profissionais dos docentes. Mas que medo é esse? Não seria o receio de se ter
descoberto o modo de detectar definitivamente onde estão os maus profissionais
do ensino? Aqueles professores que tiveram uma péssima formação quando ainda
eram alunos e que agora contaminam as escolas do país?
Este conjunto de fatores e distorções
tolhem enormemente a liberdade e a criatividade das universidades no que toca
ao problema da formação de seus alunos e dificultam suas decisões neste ponto.
É um verdadeiro dilema, as universidades são criticadas pela formação que dão
e, se buscam melhorar esta formação, devem entrar em conflito com a tendência
dos possíveis alunos, com as expectativas dos grupos profissionais que as
defendem e com a própria legislação. Basta verificar os resultados obtidos nos
provões, onde em algumas cadeiras o rendimento dos recém-formados foi o pior
possível.
Muitas universidades ou mesmo
faculdades isoladas privadas já tem em sua direção homens que têm conhecimento
profundo dos problemas da educação; e não apenas os problemas teóricos, mas
também os práticos e os administrativos. Conhecem os meandros da burocracia.
Eles estão quase no fim de sua vida profissionalmente útil e sabem que têm de
enfrentar o grande desafio de fazer que suas escolas, mesmo que seja contra os
professores não qualificados e os alunos que não entenderam o mundo que os
cerca, conquistem uma boa posição na avaliação do MEC em tempo curto.
A universidade desempenha um relevante
papel, fruto das vocações científicas e políticas, no desenvolvimento da
cultura, do saber e da tecnologia, além de ser uma das grandes responsáveis
pela formação do cidadão que vai atuar na nossa realidade, na nossa sociedade.
A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO
Desde o ano de 1994 as escolas
particulares de várias regiões do país, vem realizando com pleno êxito um
Programa de Qualidade Total que já mobiliza boa parte das 30 mil escolas da
rede particular. (Revista Exame -
setembro/97).
A luta pela qualidade na educação é um
processo que expressa a necessidade da Nação. Somente com a consciência clara
de suas responsabilidades sociais, a escola poderá superar as dificuldades e
inaugurar novos caminhos.
A qualidade total traz desafios à
escola na medida em que estimula habilidades e redefine atitudes diante das
crescentes demandas da sociedade. A proposta é resolver problemas crônicos e
promover avanços, substituindo a perplexidade diante das novas exigências
sociais e tecnológicas pela ação cooperativa, ágil e eficiente.
Na área da escola, a preocupação com a
qualidade se traduz essencialmente na busca de técnicas mais eficientes para
motivar, ensinar, fixar e principalmente medir a aprendizagem. É preciso
garantir também um ensino de boa qualidade. A partir de um ensino básico bem
feito é que as nossas crianças irão adquirir as ferramentas necessárias para
enfrentar o mundo do trabalho, cada vez mais exigente e competitivo. Os
educadores tem demonstrado grande preocupação com os destinos do país e sabem
que as soluções que o Brasil requer passarão por suas mãos.
A visão da excelência da educação é
causa comum, digna de mobilizar a sociedade brasileira e obter a adesão geral.
Da parte específica dos educadores, há perfeita consciência de que ainda há
muito que ser feito no que diz respeito ao compromisso individual de trabalhar
de modo solidário, responsável e positivo, para a reconstrução do sistema
nacional de ensino. É fácil afirmar que a batalha do futuro se perde ou se
ganha em cada sala de aula deste país.
As escolas juntamente com seus
educadores tentam encontrar formas de educação feitas sob medida para responder
às necessidades daqueles que provêm de estruturas da sociedade com menor grau
de instrução.
Um dos problemas que o ensino e a
educação enfrentam, hoje, diz respeito à busca de um entendimento mais amplo do
seu papel e o significado para o aluno, em um contexto onde os desafios
provocados pela dinâmica dos avanços tecnológicos e científicos decorram
principalmente da versatilidade na produção, divulgação e circulação de
informações.
Neste sentido, observa-se que o
predomínio da quantidade de informações a ser acumulada ao longo dos anos de
escolaridade transforma o ensino, não raro, em um hábito que, ao enfatizar uma
visão instrumental do mundo e de si, torna o aluno isolado e não participante.
É como se os alunos caíssem na mesmice, numa automação de ir e vir à escola,
sem nada aprender. Infelizmente, a gente vai encontrando pela vida afora
inúmeros problemas e traumas semeados, abundantemente, na seara social, por
mãos carimbadas, taxadas com as iniciais da educação, mas que nada tem a ver
com ela.
Nessa perspectiva, apesar da chamada
crise dos paradigmas da sociedade moderna, a educação é chamada a enfrentar o
paradoxo de, ao mesmo tempo, atender aos anseios de uma sociedade estruturada a
partir de padrões instrumentais imediatistas e ajudar os alunos a produzirem
não apenas "coisas" mas, principalmente "significados". Com
isso, abandona-se, na relação ensino-aprendizagem, a possibilidade de expandir
a capacidade de pensar, analisar e criar, reduzindo a mente à linearidade de
seu potencial; o que compromete muito o fator da qualidade do ensino a ser
alcançado durante o desenvolvimento do aluno durante a fase escolar.
As transformações pelas quais a
sociedade brasileira vem passando, revelam, portanto, a necessidade de novas
formas de entendimento da qualidade do ensino e da educação.
Essas
transformações devem ser feitas de tal modo que, os novos currículos possam
refletir perspectivas de formação que ultrapassem objetivos puramente
intelectuais e, ao mesmo tempo, devolvam à sala de aula sua dignidade de local
de produção e transformação do conhecimento, de transmissão de cultura. O
ensino nesse sentido, se tornaria uma experiência significativa para alunos e
professores que buscam uma finalidade para suas práticas e formação. Ao
aumentar a capacidade de absorver novas informações, estimula-se a percepção
das relações entre um conjunto de dados e as estruturas de realidade pessoais,
tanto interiores como também exteriores. Desse modo, cada fragmento de
informação encontra o seu lugar adequado e amplia a integração do todo, desde
que haja uma preocupação com a qualidade no momento de processar tais
informações.
Acredito ser importante destacar que o
ensino transforma-se numa ferramenta insubstituível para a formação integral do
indivíduo. Destaca-se, ainda, que todo ser humano tem um potencial latente em
si mesmo. Nessa perspectiva, se tudo o que se sabe sobre o potencial humano
pudesse ser aplicado na sala de aula, seria possível desenvolver uma nova
espécie de integridade pessoal e profissional.
Numa primeira análise, para que possa
ajudar os alunos, o professor deverá, inicialmente, possuir uma concepção
precisa da construção de conhecimento enquanto processo dinâmico e relacional
advindo da reflexão conjunta sobre o mundo real. Deverá possuir base teórica
consistente, clara concepção do objetivo da aprendizagem e da metodologia a ser
utilizada, assim como do processo de avaliação de acordo com a visão do conhecimento,
seja o processo construtivista ou não.
Diria que é da responsabilidade do
professor o adensamento do repertório de conhecimentos dos seus alunos, sem o
que nem haveria a necessidade de escolas. E como o sujeito responsável pelo
ensino é o professor, então o referido reconhecimento depende somente das suas
qualidades.
No entanto, infelizmente, não existem
avaliações concretas daquilo que os professores fazem efetivamente nas salas de
aula. Do que eles passam realmente aos seus alunos. Daí a fragmentação, a
repetição indefinida dos mesmos conteúdos, a eterna recuperação, em suma, a
transferência de responsabilidades.
Lamentavelmente, o magistério coloca-se
como um dos únicos lugares onde quem não sabe e não tem competência, ainda se
estabelece. Vale a pena ressaltar que muitos professores, por não
problematizarem a sua própria situação, ou por não enxergarem os determinantes
reais do seu trabalho, despejam todas as suas frustrações e todas as suas
revoltas, no outro pólo da relação pedagógica, ou seja, no aluno.
A realidade dos nossos dias nos mostra,
que devemos determinar um novo perfil para o educador, que só pode ser
alcançado com um sistema educacional renovado. O novo profissional da educação
tem que ter conhecimentos básicos sólidos, grande capacidade de aprendizado,
ter iniciativa para se defrontar com o imprevisto, cada vez mais comum nas
situações cotidianas, e principalmente, ter capacidade de comunicação oral e
escrita.
Por estes motivos, o sistema
educacional, ao lado das tarefas tradicionais de melhorar o ensino fundamental
e ampliar a cobertura do ensino médio, tem que ser capaz de renovar-se no
sentido de privilegiar novas aptidões, especialmente o desenvolvimento daquelas
que, de forma dinâmica podem ser construídas em paralelo às modificações nos
processos de produção.
Essas novas concepções a respeito da
relação entre educação, cognição e avaliação e formação profissional,
reorganizam o pressuposto de que o ser humano, mesmo em se tratando de relações
profissionais e de trabalho não presta atenção ao que não tenha alguma relação
consigo, chegando ao ponto de ignorá-lo.
Somente aquilo que produz algum efeito
sobre o homem é percebido por ele e adquire um sentido de proximidade pessoal.
Quanto maior sua importância para a vida do indivíduo, menos este pode
ignorá-lo.
Do ponto de vista da educação e do
ensino pode-se afirmar que o professor que se irrita e repreende o estudante
devido, por exemplo, à lentidão de seu progresso, ou que considera que o
processo cognitivo ocorre de qualquer modo e acha que o aluno atinge uma
compreensão maior do que na realidade acontece, distorce totalmente o processo
de aprendizagem. Esse professor cria um abismo entre o aluno e o que deve ser
aprendido.
Há certos professores que, certamente
por acomodação ou omissão, impedem que jovens ávidos de orientações sejam
conscientizados e permitem que saiam das ditas "Instituições de
Ensino", sem terem vivido experiências utilíssimas para a formação de suas
personalidades.
Os princípios que deverão fundamentar
as práticas pedagógicas, são aqueles que permitindo a formação de indivíduos
críticos, criativos, autônomos, solidários e responsáveis; capazes de entender
o mundo complexo em que vivem e de se posicionar e agir, quando necessário,
para transformá-lo; permitindo, ainda, a formação de professores com plena
consciência de seus direitos e deveres e da importância de sua participação nas
transformações necessárias para tornar a sociedade mais presta, mais humana,
mais democrática, enfim uma sociedade mais culta. Esses princípios deverão
estar presentes também, na prática pedagógica, expresso pelo trabalho de
construção coletiva dos professores, em que o diálogo deve ser uma constante,
em que os diferentes pontos de vista e vivências devem ser considerados para a construção
da proposta pedagógica.
A criação de valores é, pois, um dos
objetivos principais da educação. Ela é a própria vida da educação, em cuja
direção devemos trabalhar, utilizando lições das outras ciências aplicadas.
Devemos lembrar sempre que a proposta
pedagógica deve corresponder ao perfil diversificado dos alunos, à expectativa
da comunidade, sem, no entanto, perder de vista as diretrizes que devem ser
asseguradas para garantir a unidade nacional, sem deixar de considerar, na sua
formulação, a identidade pessoal dos alunos, professores e outros
profissionais, além dos respectivos sistemas de ensino.
Portanto a tarefa principal do
professor não é apenas preservar e transmitir conhecimentos, mas também
estimular e melhorar, pensar no futuro e despertar nos alunos os valores de
caráter que estão latentes. Neste sentido é atemorizante pensar na
possibilidade de que alguém que não tenha sido cuidadosamente preparado para
ser professor esteja exercendo tal tarefa. Não é qualquer um que pode ser
educador; ele deve ser, a meu ver, um exemplo do que a sociedade tem de melhor
para oferecer, um modelo do ideal de cada um; deve ser também sensível e
amigável na comunicação desse ideal, e, ao mesmo tempo, fornecer aos alunos
orientação e liderança em uma ampla gama de atividades acadêmicas e de vida
prática. Não há mais clima para a repetição sem criatividade ou a
reprodução-padrão, como se fôssemos incapazes de raciocinar.
O mercado tradicional para graduados
está saturado. Nossos jovens universitários perderam a paciência com os cursos
longos, pois eles não garantem nada, ao seu término.
Diplomado, definitivamente pronto e
acabado para a prática do ensino. É, lamentavelmente o que ouvimos dos nossos
recém formados educadores. A formação contínua do professor é um processo que
não pode ter fim. Mais do que isso, ser professor é assumir um compromisso com
o conhecimento, com a cultura elaborada.
Se não estivermos dispostos a encarar
de forma completamente diferente a nossa responsabilidade - que é visivelmente
grande demais - devemos mudar de profissão. É isso mesmo! Mudar de profissão.
No entanto, se formos capazes de sentir
o problema, se estivermos aptos a amar o ensino, sobretudo a amar e tratar com
afeição os educandos, nascerá uma nova concepção educacional. Precisamos testar
constantemente a nossa capacidade, assumindo, realmente, de hoje em diante uma
postura de um verdadeiro educador. O que vemos, é que há professores sobrando
por aí, mas como há carência de educadores!
A postura do professor muitas vezes é
afetada pelos sistemas e contaminada por tendências. Embora em termos teóricos
todos os fins da educação visem à auto-realização, praticamente o que se vê é
sempre o inverso: tanto o professor como o educando são manipulados pelas leis
sociais. O que esperam de nós é muito mais valorizado do que realmente o que
somos. Mas o verdadeiro educador não é tímido e nem se constrange diante dos
desafios impostos pela sociedade. A evolução tecnológica não o assusta, pelo
contrário, o abastece de recursos para vencer os obstáculos que se impõem,
devido às expectativas em nível cada vez mais acentuado. Os incrédulos dirão do
"idiotismo tecnológico", já previsto: "A educação produziria uma
superespecialização, transformando os homens em robôs". Já o educador não
a vê sob esse prisma, mas como um esforço para acompanhar os largos passos da
evolução.
CONCLUSÃO
Após esta rápida exposição de motivos e
alguns desagravos, resta-me nesta conclusão afirmar que, na atualidade,
observa-se uma necessidade imperiosa de um número maior de pensadores
sistêmicos e de professores interdisciplinares. As complexidades resultantes de
informações produzidas em abundância e de sua circulação com maior rapidez,
exigem muita versatilidade, interesse e entusiasmo de todos nós.
A universidade, preocupada com o dever
imediato de formar profissionais, não têm atuado como seria desejável no campo
da educação e da cultura, duas fases importantes do desenvolvimento, a primeira
por ser fundamental e preparatória e a segunda por ser mais enriquecedora.
Diante disso, cabe ainda, mais uma
pergunta: Não seria a desagregação atual da universidade brasileira explicada
pela má qualidade do ensino? Não teria sido isso fruto da contratação maciça de
professores muitos dos quais incompetentes?
Acho urgente que se estimule o
interesse para uma nova forma de busca de solução para os problemas nacionais,
imaginando maneiras diferentes de debates, reformulando questões, dando, em
suma, caráter amplamente interdisciplinar às atividades extracurriculares.
A escola que estamos construindo
acha-se completamente distanciada ou em constante conflito com as expectativas
atuais. As inovações da reforma do ensino estão se confundindo e se desgastando
sem trazer propostas para a adequação do encontro de duas verdades que se
arrastam para fugir às mentiras: a escola e o aluno.
Mais que nunca há que se propiciar
ambiente e clima favorável para o desenvolvimento da imaginação criadora, para
continuar a desenvolver o raciocínio, a cultivar a conceituação, a capacidade
de desenvolver idéias abstratas, de ordenar experiências, a partir do
sentimento e da intuição.
Acredito, veementemente, nos ideais do
educador, do verdadeiro educador. Ele vem reagindo e submergindo em todas as
dificuldades, sacudindo as poeiras de idéias impostas que nada têm a ver com a
nossa cultura e prometendo um verdadeiro milagre pedagógico. Devemos lembrar
que foi pela intuição, uma das qualidades mais valiosas da inteligência humana,
que, desde a mais remota antiguidade, o homem conseguiu fazer suas construções
estáveis, naturalmente tomando como modelo as admiráveis soluções observadas na
natureza.
O grande profissional do ensino, o
verdadeiro professor, se forja somente com o desenvolvimento em alto grau de
sua intuição inata, embora não possa prescindir do instrumental necessário à
formação fundamental. Não se consegue criar novas concepções para os
professores que estão habituados a colher nos livros soluções particulares de
problemas já resolvidos por outros, evitando ou contornando pseudo dificuldades
que podem ser resolvidas simplesmente pela conceituação básica.
Acho necessário repensar o ensino e ver
o que se quer com ele. É só conhecimento que se quer ou deveríamos atingir a
própria relação do homem com a vida, seu comportamento, sua compreensão global
de seu estar no mundo? Não é possível que um professor não consiga mostrar a
relação do homem com o mundo. A gente precisa ler livros complexos para
sabermos um monte de coisas. E muitas dessas coisas deveriam estar no dia-a-dia
das pessoas. O conhecimento científico mudou tudo nos últimos anos e parece que
isso não chega nunca à escola do ensino fundamental e do ensino médio, pois os
professores não se atualizam, pois pararam de estudar.
Sabe-se que, no processo de formação do
educador, poucos são aqueles que continuam a estudar com a intensidade
desejável depois de graduados; esse estudo, tão necessário, só poderá ser
estimulado dando ao futuro diplomado a infra-estrutura necessária para
implantar a futura cognoscência, alargando-lhe os horizontes e dando-lhe uma
visão mais ampla dos problemas.
Somente o domínio da conceituação
munirá o profissional do instrumental que lhe permitirá solucionar os problemas
novos com seus próprios recursos, mesmo quando não existirem modelos cognitivos.
Não se compreende que na fase escolar
os acadêmicos não sejam intensivamente estimulados a resolver com acuidade a
parte mais penosa de seus problemas. Os métodos de ensino são o resultado da
prática e devem ser continuamente ajustados, reestudados e reelaborados.
Para atenuar o conflito de gerações, ou
de temperamentos é necessário que o bom professor conheça profundamente a
sensibilidade dos seus alunos, admire-lhes as virtudes, toque-lhes a alma, e
estimule-os ao máximo, com a comunicação de seu próprio entusiasmo.
A tarefa do professor é, sobretudo,
tornar todos os assuntos acessíveis e atraentes aos jovens alunos sem com isto
ser apenas superficial, ao contrário, dando o máximo de profundidade e de
realce à sua matéria. O professor deverá trabalhar para convencer os alunos dos
méritos de seu aprendizado, através de resultados palpáveis, de modo a
incutir-lhes a confiança em si próprios.
Há muitos talentos desperdiçados em
virtude apenas da falta de estímulo e da maneira incorreta de lhes serem apresentados
os assuntos. Somente o ensino cuidadosamente planejado, variado e estimulado,
preparará o futuro profissional e o encorajará ao desenvolvimento de suas
próprias aptidões, continuando a usar e estimular o que aprendeu por toda a
vida. A educação é a base de todo o progresso e, quando não cuidada,
constitui-se no mais grave problema que não só entrava como dá origem ao
congestionamento geral do desenvolvimento do aluno.
Há, pois a necessidade permanente de
preparar profissionais e professores em pouco tempo, em grande quantidade e de
alto nível. Não se pode esperar pela revelação de vocações naturais. Para isto,
é forçoso melhorar a qualidade do ensino tanto no nível fundamental, no médio
ou universitário. Uma orientação adequada tem importância maior, pois facilita
a formação profissional em menor espaço de tempo.
Hoje se fala muito em
interdisciplinaridade na construção do conhecimento, em diretrizes curriculares
nacionais, mas, de uma maneira geral, os professores ficam perplexos diante de
todas essas novidades. E essa perplexidade traduzida basicamente em dois
sentimentos. O primeiro diz respeito a necessidade da incorporação das
novidades tecnológicas e educacionais. O outro é o sentimento de insegurança,
gerado pela falta de base para mexer com todas essas novidades.
No geral, os professores sabem que
precisam mudar, mas não sabem como. Isso gera angústia, também causada pela
percepção de que o mundo muda tão rapidamente que a escola não consegue
acompanhar.
E com isso tudo, muitas vezes o que
acontece nas escolas é a corrida para uma espécie de retórica, mecanismos
estereotipados, que valida a mudança, mas que fica apenas no discurso e não tem
nenhuma atitude prática em sala de aula. Ou seja, temos um grande descompasso
entre a retórica e a prática.
Hoje, somos vítimas de um sistema de
educação que falha monumentalmente, pois nunca houve no país um projeto sério
em favor da educação.
Há a necessidade urgente de um
movimento sincronizado para que se possa mudar as instituições de formação, e
trabalhar forte e progressivamente na educação continuada dos professores que
atuam hoje no ensino fundamental e no ensino médio, incentivando as
atualizações e especializações seja pelo ensino presencial ou pelo ensino à
distância.
Precisamos, basicamente, de formação
permanente do educador em serviço e uma ação institucional das unidades
formadoras, que estão um tanto quanto obsoletas.
Os "imprevistos" de hoje, nos
estarrecem, porque todos eles foram previstos. Os erros vão se acumulando.
Livros e mais livros são escritos denunciando e apontando alternativas, mas as
pessoas leem, concordam, fazem até passeatas, mas não mudam o comportamento.
Que fique claro que na educação, o mais importante não é o propósito, mas sim,
o resultado esperado.
Na hora em que se fala na
reestruturação da Universidade, em programas de ensino a distância, em provão e
em Diretrizes Curriculares Nacionais para educação dos jovens e adultos, é
preciso contribuir, de algum modo, para a modernização, aproveitando o muito
que de bom existe, respeitando a tradição, mas
não hesitando em inovar. Inovar radicalmente no que for
necessário, mas não pelo simples prazer de mudar, mas mudar para chegar até a
colheita dos resultados.
Há que se habituar os acadêmicos a
determinar as relações entre causa e efeito utilizando meios descritivos e
especulativos para análise dos fenômenos investigados.
Justifica-se, pois, o estudo histórico,
um dos sustentáculos da percepção humanística, como também o estudo
comparativo. Hoje, até mesmo os processos de livre avaliação começam a ser
reconhecidos como de feição científica. São também aceitos os processos por
ensaio e erro. Devem ser cultivados também, a verdadeira pesquisa e a
verdadeira investigação readaptando-se continuamente a universidade à época em
que vivemos.
Sob o ponto de vista deste trabalho, o
objetivo mínimo de cada professor deverá ser sempre o de trabalhar
constantemente no sentido de proporcionar
aos estudantes a oportunidade lógica e natural
de terem a
melhor formação possível. Para isto, deverá ser divulgado um perfil
diferenciado para esse novo professor. Este deve ser aberto, mais humano,
valorizador incansável da busca, do estímulo, do apoio e ser uma pessoa capaz
de estabelecer formas democráticas e entusiasmadoras de pesquisa e de
comunicação.
Além
disso, a pesquisa deverá ser o centro gerador e o polo irradiador dos
conhecimentos do porvir. Para tanto se faz necessário reconhecer as
universidades como centros de excelência com a conseqüente redução da
dependência externa. Estimulando desta forma, a pesquisa e/ou a divulgação,
aperfeiçoando a experiência nacional acumulada.
Se medidas urgentes e eficazes não
forem tomadas, correr-se-á o risco de ver dissolvidas equipes de alto nível.
Este desenvolvimento que se fez, também, como se assinalou, a custo de
sacrifício de outras áreas, como maior razão, não pode, de forma alguma, sofrer
solução de continuidade, pois, do contrário, os prejuízos serão incalculáveis e
representarão um retrocesso de dezenas de anos, sem pensar nos efeitos
cessantes. De que vale uma nova LDB e uma Década da Educação se esses
instrumentos não forem realmente postos em prática em todos os níveis de
ensino?
As universidades devem ter, pelo menos,
a preferência da pesquisa básica e as de quaisquer outras mais intimamente
ligadas à pós-graduação. Há que se dar oportunidade aos pós-graduados e aos
vocacionados para a pesquisa, já identificados, de ocuparem o seu lugar na
universidade, não permitindo que o espaço que a eles deveria ser reservado,
esteja congestionado por acomodados e incompetentes em benefício, também, da
universidade.
A luta pela qualidade na educação é um
processo que expressa a necessidade da Nação. Somente com a consciência clara
de suas responsabilidades sociais, a escola poderá superar as dificuldades e
inaugurar novos caminhos. Caminhos que deverão ser abertos por educadores bem
formados, bem orientados e decididos a fazer o melhor pela educação, pela
cultura, pelo povo, pelo país.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Ivone. Escola, Doce Escola. Rio de
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