Os Resultados do Fracasso Escolar no Brasil - A Falta de Investimento na Formação dos Professores

Os Resultados do Fracasso Escolar no Brasil
A Falta de Investimento na Formação dos Professores

Professor Nelson Lage da Costa


Em 2001 publiquei um artigo, fruto de pesquisa realizada através da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, intitulado “A Formação do Educador no Brasil – Qualificar a educação é fazê-la capaz de dar ao homem cultura”.
Naquela ano, o interesse pelo assunto que gerou tal estudo estava ligado ao fato de que, como educador, algumas questões formaram-se com a observação e a experiência da prática diária e, por consequência, foram desenvolvidos os seguintes temas: entendendo a educação; dilemas da educação e a qualidade da educação. Temas que a meu ver, estavam diretamente envolvidos com a formação do educador no Brasil.
Já, naquela época, a palavra cultura era uma palavra um tanto quanto poluída. E até os dias atuais ainda é usada com múltiplas significações. Hoje, para tudo, o que se consegue perceber é a total falta de cultura. Em todos os sentidos. Parece que, a cada ano perde-se ainda mais o senso de “cultura”. E nem se deve confundir cultura com talento ou dotes naturais. Mesmo porque esses dotes naturais, quando existem, precisam de cultura para que possam ser plenamente desenvolvidos.
No mesmo artigo, foram feitas algumas abordagens sobre o tema “educação”. E a discussão pautada era a de que a educação é a conquista da liberdade e da plenitude, mas que se encontrava cheia de entraves, estava sempre sendo suprimida. Mas é aprendendo que se faz cultura, é aprendendo que as pessoas se tornam cultas! E a pergunta feita, ao final da pesquisa era: “Mas como transferir esta cultura através da educação?”
Cultura é então, o objetivo maior e o fruto da educação e do ensino. É a cultura que descortina o horizonte e apura a capacidade de avaliar, para poder escolher. É a cultura, portanto, que faz do homem uma pessoa livre. É a cultura semeada na educação e no aprendizado do ensino fundamental e médio que germinará e certamente formará os nossos mais excelentes professores e educadores.
Há de se estimular o interesse para uma nova forma de busca de soluções para os problemas nacionais, imaginando maneiras diferentes de debates, reformulando questões e dando um caráter amplamente interdisciplinar às atividades extracurriculares.
Mas como é possível uma mudança profunda se a parte mais importante do processo não tem voz? Nossos professores estão sendo apontados como culpados pelo insucesso de nossos alunos diante dos mecanismos de avaliação do ensino brasileiro. Mas os professores não podem ser tomados como atores únicos nesse cenário. Não podemos esquecer que a atual situação do ensino também tem como coadjuvante neste processo, a população. Sim, “a população na figura da família”! A situação é o resultado do pouco (ou quase nenhum) engajamento ou de uma pressão efetiva sobre os legisladores responsáveis pelas políticas públicas educacionais.
Uma formação de professores carregada de deficiências, cheia de entraves, como as que se tem visto nos últimos 20 anos, estão levando ao caos a educação brasileira. E os menos culpados são os professores!
Não se pode consertar uma formação através de uma especialização ou de uma formação continuada! É necessária uma formação com qualidade, com robustez. Uma formação digna de quem escolheu a nobre missão de “ensinar”.
Não adianta belas propagandas sobre a profissão de professores. Não adianta um festejo no dia do mestre. O que o Brasil precisa é de novos e bons projetos voltados para a qualidade na formação dos professores brasileiros.
Uma das missões da classe política – representantes dos seus eleitores; é, dentre tantas tarefas, propor e apontar aplicabilidade em projetos que estejam voltados à população. Condicionantes devem ser respeitadas e os óbices devem ser vencidos até que seja viabilizada a tramitação dos projetos que poderão culminar em leis.
Precisamos de mais projetos voltados para a qualificação dos nossos profissionais da educação. Precisamos de mais vozes pela educação. Precisamos de mais representatividade. Precisamos de mais solidez familiar, precisamos enfim, de uma população alinhada com o desejo de progresso.



Comentários

  1. Concordo em alguns pontos, mas tive uma excepcional formação tanto em licenciatura quanto em bacharelado em História na UFPR, talvez o tempo fosse outro, vejo hoje o stress e o despreparo de meus colegas de trabalho, a intranquilidade, insegurança, medo. Já fui formadora de professores e confesso que a maior parte de meu trabalho poderia ser jogado do lixo no que dependesse dos "cursistas" mediante a falta de interesse, só estavam lá para ganhar umas horinhas e subir umas casinhas na carreira. A política educacional é reflexo de uma sociedade conformista, como diz o professor Belmiro Valverde acostumada a ser "súdita do Estado " em um país onde o "Estado precedeu a nação".

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    1. Age, obrigado pela leitura e sua contribuição. Concordo com sua colocação: somos de outras época e formados por instituições sérias. Abraços

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