MODELANDO A METEMÁTICA PARA O ALUNO OU MODELANDO O ALUNO PARA A MATEMÁTICA?
MODELANDO A METEMÁTICA PARA O ALUNO OU MODELANDO O ALUNO PARA A MATEMÁTICA?
Prof. MSc.
NELSON LAGE DA COSTA
Este
artigo tem como principal finalidade trazer algumas discussões sobre as
principais vantagens para a inserção da modelagem matemática nas séries finais
do Ensino Fundamental, conforme o previsto na Base Nacional Comum Curricular,
(BNCC).
Segundo
a BNCC, quando se trata do conhecimento matemático, é necessário para todos os
alunos da Educação Básica, seja por sua grande aplicação na sociedade
contemporânea, seja pelas suas potencialidades na formação de cidadãos
críticos, cientes de suas responsabilidades especiais, é necessário prever que
os processos matemáticos que tratam da resolução de problemas, de investigação,
de desenvolvimento de projetos e da modelagem podem ser citados como formas
privilegiadas da atividade matemática, motivo pelo qual são, ao mesmo tempo,
objeto e estratégia para a aprendizagem ao longo de todo o Ensino Fundamental.
Ainda
segundo a BNCC, esses processos de aprendizagem são potencialmente ricos para o
desenvolvimento de competências fundamentais para o letramento matemático. Ou
seja, raciocínio, representação, comunicação e argumentação; e para o
desenvolvimento do pensamento computacional.
A
BNCC traça ainda um comentário sobre a unidade temática Álgebra, que por
sua vez, tem como finalidade o desenvolvimento de um tipo especial de
pensamento – pensamento algébrico – que é essencial para utilizar
modelos matemáticos na compreensão, representação e análise de relações
quantitativas fazendo uso de letras e outros símbolos.
No
entanto, é notório que nem sempre é possível atrelar os diversos conteúdos
apresentados durante o Ensino Básico ou até mesmo universitário a algum tipo de
modelagem matemática sem que para isso haja um prévio planejamento por parte do
professor. Como é possível para um professor de Matemática buscar algum tipo de
modelagem que possa ser aliada a cada um dos assuntos do cotidiano dos alunos
ou ao futuro de um profissional se estes professores não foram preparados para
tal tarefa?
Sabe-se
que no atual modelo pedagógico, com o incentivo da Educação Matemática, os
docentes recém-formados têm sido preparados para mostrar a utilização das
fórmulas e das regras utilizadas na Matemática através de um treinamento de
aplicação se valendo de algumas mídias digitais e uma grande quantidade de
outros recursos. Mas, salvo raras exceções, não com uma aplicação socializada,
ligada as muitas atividades humanas São em sua maioria, desconexas do dia a dia
dos alunos.
Não
se pode esquecer também que ainda temos em atividade muitos professores que
insistem em apresentar aos alunos apenas definições, exercícios como modelos a
serem seguidos, ou seja, sem práticas de aplicação. Diante desta conduta
aparecem constantemente as perguntas: Para que servem essas fórmulas? Onde
aplicar? Por que é desta forma? De onde veio isso? Perguntas que não cessam
mesmo com a utilização de ferramentas digitais. Como agir quando a instituição
de ensino não disponibiliza o acesso às mídias digitais?
São
muitos os autores contemporâneos que afirmam em suas publicações que a
aprendizagem em qualquer ambiente escolar tem adquirido, ano após ano, um
caráter cada vez mais significativo. Afinal, todos nós sabemos que as práticas
pedagógicas e as metodologias de aprendizagem estão em constante evolução.
Além, é claro, de uma certa urgência diante das transformações pelas quais o
mundo está passado. E então, surge uma pergunta: estamos modelando o ensino da
matemática para atender ao aluno; ou estamos modelando os alunos para aceitar
da forma mais natural possível, a matemática?
No
passado, perguntas parecidas foram feitas. Paulo Freire e Pedro Demo defenderam
a pouco mais de vinte anos atrás, a Educação por meio da pesquisa aliada às
aplicações do dia a dia que cercam os alunos.
Baseado
na explicação de Edgar Morin (2004): “O conhecimento das informações ou dos
dados isolados é insuficiente. É preciso situar as informações e os dados em
seu contexto para que adquiram sentido. [...] uma sociedade é mais que um
contexto: é o todo organizador de que fazemos parte. [...] O todo tem
qualidades ou propriedade que não são encontradas nas partes, se estas
estiverem isoladas umas das outras”.
Os
professores de matemática devem estar preparados para entender definitivamente
a real necessidade de situar os alunos no contexto de situações cotidianas, nos
desafios e incertezas dos dias atuais, em que o conhecimento deve ter a
capacidade de abordar o processo de ordem e suposta desordem e a natural
organização que orientam a vida social dos próprios alunos. E não precisamos
modelar os alunos, precisamos (re)modelar as metodologias.
O MEDO DA UTILIZAÇÃO DA MODELAGEM
O
uso da modelagem matemática na Educação Básica ou até mesmo no Ensino Superior tem sido muito polemizado uma vez que atualmente
ainda existe uma parcela significativa de professores que não acreditam ou se
convenceram a não acreditar no potencial da sua utilização com os alunos. Mas o
que tem salvado literalmente esta discussão é o grande número de professores
que buscam informações sobre aplicações eficazes da sua utilização.
Baseados
em Almeida (2008), os professores devem expressar o pensamento, dialogar e
ensinar. Por conseguinte, os alunos devem ser estimulados a serem, eles
próprios, os construtores do desenvolvimento de seus conhecimentos matemáticos.
Com
o auxílio da construção de modelos matemáticos, pelos próprios alunos, estes estarão
em condições de realizar atividades, as quais façam com que eles sejam
investigativos, pesquisem, analisem, comparem, conceituem, reformulem, percebam
as propriedades matemáticas, enfim, que eles próprios concluem o seu aprendizado.
O âmago de um ensino projetado desta forma, permitir que o aluno construa o seu
conhecimento, e que os professores deixem de ser os detentores da sabedoria.
Por
outro lado, também se faz necessário que os professores entendam essa nova
forma de saber e de apreender. O docente precisa estar ciente da necessidade da
constante atualização de seus conhecimentos e práticas docentes, para desta
forma, se transformar em um facilitador do aprendizado dos seus alunos. Corrêa
e Scherer (2012), afirmam que modelos devem ser utilizados como ferramentas que
podem auxiliam, de forma contundente, na educação para melhorar os resultados
do processo de ensino e aprendizagem.
No
entanto, deve-se levar em consideração que a maior entrave para os professores
seja a dificuldade na escolha do modelo alinhado ao conteúdo a ser abordado, que
possa ensinar conteúdos necessários à formação e que estão contemplados na
BNCC.
Também
deve ser levado em consideração que a principal motivação para a utilização de modelagem
matemática em processos educacionais para o ensino da matemática é oferecer ao
aluno uma maneira mais agradável de trabalhar determinados conteúdos. Além
disso, o aluno deve estar ciente de que é mais uma oportunidade para adquirir conhecimentos
sobre uma nova ferramenta para o seu aprendizado.
Os
alunos, em parceria com os professores, pesquisando e desenvolvimento modelos
matemáticos, tornam-se investigativos e não apenas receptivos. Eles são
oportunizados à fontes de ideias, as quais ocorrem através de seus próprios
pensamentos e do diálogo com os professores envolvidos. Os alunos começam a
observar, ficam mais reflexivos e passam a atribuir significado sobre os
resultados oferecidos pelo modelo utilizado. E, desta forma passam a construir
suas próprias ideias e conclusões. É nesse contexto que alunos e professores
passam a adquirir conhecimento. Mas, é claro que vale a pena ressaltar que o
professor que não possui muita habilidade em lidar com desenvolvimento e
aplicação de modelos matemáticos, pode sentir alguma dificuldade. No entanto,
pode aperfeiçoar seu manuseio com participações em seminários e palestras sobre
o tema.
Finalmente,
não se discute, de forma alguma, que existem diferentes formas para o
aprendizado. Afinal, todos aprendem! Mas cada um aprende no seu ritmo e da sua
maneira. Mas cabe à própria sociedade, neste caso representado pela Escola,
desenvolver e implantar novas alternativas que incentivem a aprendizagem de
todos seja com que velocidade e de que forma isso possa ocorrer. Sendo assim, é
possível afirmar que a eficácia da utilização de modelos no ensino
da Matemática depende muito mais do professor do que do próprio modelo. A busca
deverá ser sempre de uma melhor eficácia no trabalho realizado.
CONCLUSÃO
Talvez
a ideia mais aceita socialmente seja a de que a didática da Matemática, através
da Educação Matemática se ocupe mais em “como ensinar”, do que “por que
ensinar” ou ainda do “como aplicar” os conteúdos ensinados aos alunos nos
diferentes níveis de escolaridade, em suas vidas. A concepção que se deve
considerar é a de que para ser aceita socialmente, a Matemática através dos
seus professores, se aproprie verdadeiramente de propostas mais óbvias de
aplicabilidade, sem é claro esquecer ou deixar de lado o rigor que alguns
conteúdos exigem.
Os
docentes que têm como alicerce somente as aulas expositivas e fazem da escola
apenas um grupamento de salas de aula com carteiras e alunos, onde se depositam
conceitos e exercícios mecanizados, esquecem que as verdadeiras aulas vão muito
além. O docente que pensa na inclusão e aplicação social da Matemática, trilha
caminhos com propostas de problemas vinculados aos conteúdos, com critérios de
escolhas que realmente mostram aplicações diferentes, com diferentes técnicas
de ensino, utilizando os recursos disponíveis nas escolas independentemente de
classe social, e em que nível de escolaridade estiver os alunos. Tudo dependerá
sempre da vontade do professor em vencer os obstáculos que a própria sociedade
irá lhe impor.
Assim, os
educadores (principalmente os professores de Matemática) devem vislumbrar a
possibilidade de representar modelos teóricos através de imagens digitais, em
ambientes virtuais de aprendizagem. É importante que se tenha à exata
consciência que essas representações são um instrumento que buscam auxiliar,
através de representações, fenômenos já estudados e não elaborar conceitos.
É certo que
é fundamental para a consolidação do aprendizado que não somente o aluno, mas
também os professores tenham a capacidade de manipular os recursos disponíveis
para o ensino e aprendizado, mas verifica-se que as analogias entre modelos
teóricos e representações imagéticas passam a se configurar em novos elementos
para a elaboração de relações apropriadas ao processo de modelização do ensino.
Ao aprender a operar com as modelos, estabelecendo relações cognitivas
tensionadas com o fenômeno, os alunos passam a ter a capacidade de reconhecer a
provisoriedade do conhecimento que se deve ser construído caminhando em direção
a uma racionalidade aberta, livre das amarras do realismo fenomenológico.
As
conclusões aqui apresentadas, mesmo que advindas de um cenário que é
considerado ser particular e pontual, podem servir para reforçar o aspecto de
que o uso adequado de modelos dentro e fora das aulas é uma questão atual,
repleta de dificuldades em várias frentes, mas que comprovadamente podem
funcionar e trazer resultados consideráveis desde que haja aceitação desses
recursos por alunos e professores.
REFERÊNCIAS
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